E a verdade é que já não me lembrava da última vez que isso aconteceu.
Tem no meu turno na clínica um senhor que tem os seus quarenta e muitos anos, mas que tem aquele cérebro a ficar todo queimadinho.
Primeiro que se sente, puxa lençol, levanta lençol, puxa abraçadeira, levanta o raio da abraçadeira umas seis vezes mas sem alterar nada apena levanta e torna baixar.
O lenço de limpar o nariz serve para limpar o nariz, dobradinho para tapar os olhos e abertinho... sim com o ranho lá... serve de babete para quando vem o lanche.
E depois do lanche sacode o lenço mais uma dúzia de vezes.
Vê-se que o homem tem assim uns tiques, mas a verdade é que até enerva ele não estar quieto 1 minuto que seja, esta as 4 horas consequentemente a mexer em algo.
Também já reparamos que o neurônio dele sofre de algum tipo de confusão, porque apesar dele ainda ser novo o homem só fala em escudos e não em euros, diz que um mês tem 8 dias... a sério?... quer constantemente ver o acn... axn... ou o mot... que é o mov... e depois tapa os olhos com o lencinho, ou seja, não vê nada... e por aí fora.
Ontem estava-se a falar de carne de cavalo para trás e carne de cavalo para a frente e ele diz muito depressa "existe uma coisa que se diz que é carne mole em carne dura tanto bate até que fura" eh eh eh eh desculpem lá mas olhamos para os enfermeiros e auxiliares e desatamos todos à gargalhada, dissemos-lhe que o proverbio não é assim mas que é "água mole em pedra dura tanto bate até que fura"... mas ele continuou com o "não, não é carne mole em carne dura" mas muito convicto do que estava a dizer, o que nos fez rir ainda mais.
Depois diz um dos auxiliar que só se ria "oh M. não te rias para que eu não consigo" e eu puxei a gola do camisolão que levava e continue a rir-me eu, os enfermeiros, a minha colega do lado tapou a cara com o lençol e alguns dos meus colegas, ou seja ficamos todos na p... da cavaqueira à gargalhada e o outro continuava com o seu discurso da carne mole e da carne dura.
Ele é cada um.
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